Doenças Mentais

Trabalhos sobre doenças mentais realizados e apresentados pelos alunos na disciplina de Psicologia B, turma 12º F, sob orientação da professora Clementina Sampaio.

PERTURBAÇÕES ANSIOSAS: FOBIAS E PERTURBAÇÕES DE PÂNICO

O que é uma fobia?

Uma fobia é uma ansiedade persistente, intensa e irrealista causada por uma situação específica. (por exemplo: altura para uma pessoa com acrofobia). Quem sofre de fobias evita a situação causadora da sua ansiedade ou suporta-a, embora com grande sofrimento, reconhecendo que os seus medos são irracionais.

 

Uma fobia é caracterizada por:

1. Medo excessivo, imensurável de um objeto ou situação;

2. Comportamento de esquiva em relação ao objeto temido;

3. Grande ansiedade antecipatória quando próximo do objeto em questão;

4. Ausência de sintomas ansiosos quando longe da situação fóbica.

O que causa uma fobia?

Existem várias teorias que explicam o aparecimento de uma fobia, de entre elas a teoria comportamental, a teoria cognitiva e a teoria biológica.

Segundo a teoria comportamental, a fobia é uma resposta condicionada a estímulos ambientais específicos. Uma pessoa pode aprender a ter uma resposta interna de ansiedade após uma experiência negativa ou imitando respostas ansiosas existentes no seu meio social. A teoria cognitiva sugere que padrões de pensamentos incorretos, distorcidos, incapacitantes ou contra producentes acompanham ou precedem os comportamentos fóbicos. Quem sofre de fobia tem tendência a acreditar que o grau e a probabilidade de perigo numa determinada situação são maiores do que os existentes e a achar que as suas capacidades para lidar com ameaças ao seu bem-estar físico e/ou psicológico são menores do que as reais.

Já a teoria biológica define a fobia como uma função mental, dependente do cérebro. É possível que certas pessoas sejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de um transtorno de ansiedade, mediante uma certa sensibilidade biológica.

Pessoas alcoólicas têm o dobro das probabilidades de desenvolverem uma fobia. Tal como as pessoas com antecedentes familiares, ou seja, que tenham alguém na família que sofra de uma fobia.

Os três principais neurotransmissores associados às fobias são a noradrenalina, o ácido gama-aminobutírico (GABA) e a serotonina.

Tipos de fobias:

Existem 3 tipos de fobias, que enquadram as centenas já identificadas. Os 3 tipos de fobias são: a Agorafobia (as pessoas com agorafobia têm medo de ficar presas em algum local público ou em lugares como pontes e filas de banco. Na realidade, o medo é de não conseguirem sair dali se a ansiedade aumentar. A pessoa que não se trata, dificilmente consegue distanciar-se da sua própria casa), a Fobia Social (medo e distanciamento de situações sociais. As pessoas que sofrem de fobia social sentem-se extremamente angustiadas e amedrontadas só de pensar em como agir numa situação social) e, por último, as Fobias Específicas que se caracterizam por um medo irracional de objetos ou de situações específicas, como por exemplo, a Claustrofobia (medo de ficar preso ou sufocar em espaços fechados, como elevadores ou túneis. Esta é uma das fobias mais comuns), a Zoofobia (termo que abrange um grande grupo de fobias a animais como a aracnofobia -medo de aranhas, ofidiofobia – medo de cobras, ornitofobia – medo de pássaros e apifobia – medo de abelhas. Geralmente estas fobias aparecem na infância e acabam por desaparecer à medida que a criança cresce, no entanto, podem persistir até à idade adulta).

 

Reação do organismo:

Desde a perceção do medo até à sua manifestação física e psicológica existem várias fases:

1 — Ao ver ou chegar perto da causa da fobia — seja o chefe ou uma barata — o fóbico envia um estímulo para o cérebro.

2 — No cérebro, a mensagem chega a uma estrutura chamada córtex, onde é reconhecida como ameaçadora.

3 — Em seguida, o hipotálamo é acionado e liberta adrenalina e noradrenalina, substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas. A partir daí, uma cascata de efeitos psicológicos, como o susto e a aflição, é desencadeada.

4 — Em frações de segundos, o estímulo nervoso parte do hipotálamo para as glândulas hipófise e suprarrenais.

5 — As suprarrenais libertam cortisol, desencadeando as manifestações físicas de um ataque de fobia.

As manifestações do ataque de fobia podem ser:

  • Tremores, calafrios ou ondas de calor;
  • Transpiração excessiva, sensação de formigamento;
  • Taquicardia e dor no peito;
  • Náusea e vertigem;
  • Sensação de falta de ar, aperto na garganta;
  • Pavor de morrer, sensação de estar distante de si      mesmo.

Formas de tratamento:

A dessensibilização é um processo que expõe uma pessoa com fobia a circunstâncias semelhantes ao que elas temem. Como, por exemplo, colocá-la em contacto com o animal causador da sua fobia. Com o passar do tempo, o medo diminui e a pessoa adquire confiança. Frequentemente, a pessoa passa também por psicoterapia, o que a ajuda a mudar a forma de pensar e a desenvolver novos padrões em relação às situações que poderiam provocar os sentimentos associados à fobia. A boa notícia é que 90% das pessoas que seguem o tratamento apresentam melhoras.

Perturbações de pânico:

A perturbação de pânico é a existência, durante um determinado período de tempo, de um medo intenso ou desconforto, que é acompanhado por uma sensação de perigo ou catástrofe próxima e por um impulso para a fuga.

As crises iniciam-se subitamente e atingem o pico de maior intensidade dos sintomas em poucos minutos. As crises de pânico podem ser inesperadas e, portanto, a pessoa afetada desenvolve um grande medo de que estas se voltem a repetir, tal como uma preocupação excessiva quanto às suas possíveis consequências e o receio de alguma alteração comportamental.

Há uma sensação de incapacidade, em que a pessoa acredita que não consegue controlar o seu próprio corpo nem os seus pensamentos e que, a qualquer momento e em qualquer sítio, pode estar sujeita a uma crise que a leve a comportar-se de forma imprópria em situações públicas.
Nem sempre se consegue realizar o diagnóstico da perturbação de pânico, pois existe uma grande diversidade de casos clínicos. No entanto, as características mais recorrentes são: a recorrência das crises de pânico, a ansiedade por antecipação, a depressão secundária, o evitamento agorafóbico e a atitude hipocondríaca que começa a desenvolver-se.

No caso da ansiedade antecipatória, esta traduz-se pelo “medo dos sintomas de medo” e torna-se uma constante em quem sofre da perturbação de pânico, porque, após a primeira crise, a maioria das pessoas desenvolve uma preocupação persistente de voltar a experimentar os sintomas da crise.
As crises de pânico iniciais podem ocorrer em transportes públicos, multidões, cinemas, elevadores ou túneis. No entanto, podem dar-se em qualquer contexto, inclusivamente em casa. Os fatores que a causam ocorrem, normalmente, num período da vida da pessoa em que esta está sujeita a um grande nível de stresse (doença grave, separação, problemas financeiros ou profissionais, sobrecarga de responsabilidades). Estas situações fazem com que a perturbação se instale mais facilmente.

Os sintomas mais frequentes são:
– Taquicardia;
– Tonturas;
– Tremor;
– Náuseas;
– Arrepios ou calores;
– Falta de ar ou sufoco;
– Sudação;
– Dor torácica;
– Medo de enlouquecer;
– Medo de morrer;
– Despersonalização (irrealidade) ou desrealização (desligado de si próprio);
– Parestesias (formigueiros).

Cristiana Marques e Patrícia Glória

TRANSTORNO BIPOLAR

 

O que é?

A Doença Bipolar, tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa, sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves. As viragens do humor, num sentido ou noutro, têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.

 

Características

O início desse transtorno dá-se, geralmente, em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, de modo gradual ao longo de semanas, meses ou, abruptamente, em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que, muitas vezes, leva a confundir com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos), o que, muitas vezes, confunde os médicos, retardando o diagnóstico da fase em atividade.

 

Tipos

Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam, necessariamente, de ser seguidas por fases depressivas, nem vice-versa. Na prática, observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca, enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.

Fase maníaca

Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e, quando não tratada, pode durar meses. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, ativa, faladora, autoconfiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica podem surgir alguns ou todos os seguintes sintomas:

  • Irritabilidade extrema;
  • Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;
  • Reação excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas;
  • Aumento de interesse em diversas atividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;
  • Grandiosidade, aumento do amor-próprio. A pessoa pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;
  • Energia excessiva, possibilitando uma hiperatividade ininterrupta;
  • Diminuição da necessidade de dormir;
  • Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;
  • Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;
  • Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes».

Fase depressiva

É, de certa forma, o oposto da fase maníaca. Em função da gravidade da depressão, podem sentir-se alguns dos seguintes sintomas:

  • Preocupação com fracassos ou incapacidades e      perda da autoestima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem      conseguir afastá-los;
  • Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa      excessiva;
  • Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de      concentração e em tomar decisões;
  • Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e      pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
  • Preocupação excessiva com queixas físicas;
  • Agitação, inquietação, sem conseguir estar      sossegado ou perda de energia, cansaço, inação total;
  • Alterações do apetite e do peso;
  • Alterações do sono: insónia ou sono a mais;
  • Diminuição do desejo sexual;
  • Choro fácil ou vontade de chorar;
  • Ideias de morte e de suicídio; tentativas de      suicídio.

Quando não tratada, a fase maníaca pode durar meses.  Por vezes, o doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises mistas.

Generalidades

Entre uma fase e outra, a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer. Outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não recupera, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.

Causas

Há vários fatores que predispõem para a doença, mas o seu conhecimento ainda é incompleto.
Os fatores genéticos e biológicos têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e o stresse que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises. Em termos biológicos, temos que falar em causas neuroquímicas e hormonais. Ao nível neuroquímico, há uma redução na atividade dos seguintes neurotransmissores:
-Serotonina;
-Noradrenalina;
-Dopamina.

Estes apresentam-se em baixas concentrações nos episódios depressivos, sendo que os seus metabólitos estão alternados na urina e no sangue. A desregulação do sistema adrenérgico (adrenalina) é um dos grandes fatores neuroquímicos característicos do transtorno bipolar. A nível hormonal, existem anormalidades neuroendócrinas presentes e a atividade do sistema imunológico está diminuída, tanto na mania quanto no transtorno depressivo. Costuma ocorrer uma alta atividade do TSH (hormona estimuladora da tiróide) e uma redução nos níveis dos seguintes hormonas:

-GH (hormona do crescimento);

-FSH (hormona folículo-estimulante);

-Testosterona.

Em termos genéticos, existem grandes evidências que dão suporte à hereditariedade do transtorno bipolar. Os estudos realizados nessa área demonstram que:

-Se um dos pais é portador do transtorno bipolar I, há 25% de hipótese do filho apresentar um transtorno do humor.

-Se os dois pais são portadores do transtorno bipolar I, há 50 a 75% de hipótese do filho apresentar um transtorno do humor.

-Se um dos pais apresenta transtorno depressivo, há 10 a 13% de hipótese do filho apresentar um transtorno do humor.

Através de marcadores genéticos, foi evidenciado que os cromossomas 5, 11 X têm clara influência e envolvimento no transtorno bipolar I.

Em aproximadamente 80 a 90% dos casos, os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.

 

Como se trata?

Medicamentos estabilizadores de humor são, normalmente, a primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor opção para todos os casos. Nas fases mais intensas de mania podem usar-se, de forma temporária, os antipsicóticos. Nas depressões resistentes podem-se usar, com muita cautela, antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco de passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivo deve ser definitivo e está recomendado o uso permanente dessas medicações, mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação baseia-se no facto de que estes podem prevenir uma fase maníaca. Infelizmente, o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as probabilidades disso acontecer.
Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento.

 

Porque é tão importante a consciencialização da doença?

A noção de doença mental, na opinião pública, é, em geral, muito confusa e pouco correta. Verifica-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e é frequente a ideia de que as doenças mentais são qualitativamente diferentes das outras doenças. É muito comum imaginar que há uma «doença mental» única, atribuindo às pessoas que tenham sofrido crises, um prognóstico negativo de incurabilidade, aferido erradamente pelos casos de doentes mentais mais graves e crónicos. Por vezes, o diagnóstico médico das diferentes doenças psiquiátricas não se faz na altura própria, o que acontece, com alguma frequência na doença bipolar.
O conhecimento das características da Doença Bipolar facilita o seu reconhecimento aos que a sofrem e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.

 

Famosos com transtorno bipolar

Abraham Lincoln, Agatha Christie, Amy Lee, Axl Rose, Britney Spears, Catherine Zeta- Jones, Charles Chaplin, Charles Dickens, Demi Lovato, Edgar Allan Poe, Elvis Presley, Elizabeth Taylor, Ernest Hemingway, Francis Coppola, F. Scott Fitzgerald, Fernando Pessoa, Gordon Summer (Sting), Isaac Newton, Janis Joplin, Jean-Claude Van Damme, Jim Carrey, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Marilyn Monroe, Mark Twain, Mel Gibson, Michelangelo, Napoleão Bonaparte, Rita Lee, Robin Williams, Salvador Dali, Sigmund Freud, Tchaikovsky, Tim Burton, Vincent van Gogh, Winston Churchill e Mozart.

Catarina Neves, Diana Sá, Raquel Aleixo e Raquel Simões

 

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